Últimos dias em Portugal

Lisboa junto ao tejoNestes últimos dias vi alguns dos meus co­years portugueses embarcar na aventura que eu mais anseio viver. As fotos, estados do facebook, mensagens fizeram crescer ainda mais o meu entusiasmo.

Ao mesmo tempo tive a oportunidade de conhecer a minha second year, Maria, numa tarde super agradável, mesmo no coração de Lisboa. Durante as diversas conversas que tivemos dei por mim mesmo a pensar “Será que isto está mesmo a acontecer?”; “Parece tudo tão surreal!”.

O que posso dizer mais, 7 dias antes de deixar Portugal?: Ainda não começei a fazer as malas, mas é uma daquelas coisas que quero mesmo fazer mas que estou sempre a adiar!

Tenho essencialmente tentado aproveitar estes dias tanto com a família como com os amigos. Ainda vivo numa mistura de emoções, mas agora mais intensas e vivas. “Última quinta­-feira em Portugal”, “Última viagem de autocarro em Portugal”, “Última vez que como lasanha em Portugal” são pensamentos que vão surgindo, apesar de serem um pouco dramáticos visto que Portugal será para sempre a minha casa.

Tenho também refletido sobre a forma como vou transmitir a cultura portuguesa aos meus co­years. Foi assim que comprei um galo de barcelos e pedi umas receitas típicas portuguesas à melhor cozinheira do Mundo: A minha mãe (sou um pouco suspeito nesse aspeto). Porém a rica cultura portuguesa é muito mais que isso e eu quero dar a conhecer todas as coisas maravilhosas que existem no nosso país.

Junto ao rio Tejo, olhei em meu redor e respirei bem fundo. Lisboa é absolutamente incrível mas agora é tempo de conhecer o Mundo.

Até já! Beijinhos e abraços,

Gonçalo

Escrevo-vos tarde mas não a más horas. Sei que quase toquei o prazo de escrita mas o meu atraso teve um motivo de peso que posteriormente irei desvendar.
Falta precisam1 - malaente uma semana para a minha partida. Tudo é uma emoção, tudo é vivido mais intensamente e as saudades começam a ganhar forma. No entanto, o tempo tem passado devagarmente rápido. A minha cabeça está num colégio do outro lado do mundo presa a um corpo ainda em terras portuguesas mas anseia energicamente a data de partida que nunca mais chega. Por outro lado, um corpo 100% português tem necessidades que a própria cabeça desconhece. Português que é português precisa de sol e mar, de estar com os amigos da praia, do café, da escola, do campo, a família de cá e a de lá, olhar para tudo com mais profundidade para que a distância não lhe venha turvar as memórias e as vivências. Tudo isto precisa de tempo mas aparentemente o tempo não é suficiente.
Como se não bastasse, junta-se a este paralelismo emocional um elemento chave que se pode resumir a: Francisca Matono que é Francisca Matono é um pouco (quase nem se nota) obcecada por organização temporal, emocional e tarefal ( tarefal = tarefas no geral, tudo o que se tem a fazer a nível caseiro, assuntos importantes como burocracias para a viagem, idas ao médico e VISTOS…). Sim, têm sido dias interessantes de gerir . Mas nada que um calendário tamanho A3 não resolva.
Planeei estes dias ao pormenor, cada hora foi pensada e marcada. Fiz duas listas, a “I must do” e a “I would like to do” e fico feliz por ter finalizado parcialmente todas as tarefas de ambas. Contudo, ainda há uma tarefa na primeira lista que não se encontra finalizada e que me tem preocupado de alguma forma, ela é “Fazer a mala” . COMO É QUE SE PÕEM 17 ANOS NUMA MALA? Como é que se põe um armário num rectângulo de plástico duro apenas autorizada a transportar 20 kg? Exacto, não se põe. Mas há questões que o meu lado mais feminino (diria mesmo, o meu lado mais à gaja) não consegue atingir com naturalidade.
2- pensoAssuntos sérios de parte, gostaria de partilhar com vocês uma de algumas experiências que (sabe lá deus porquê) não tinha colocado nas minhas listas. Estava eu a limpar o pó, tal fada do lar, quando, ao pegar num bibelot de vidro este resolve partir-se na minha mão e, com técnica de talhante, me retira um belo bife de dedo. Ainda pensei em tirar fotografias para vos mostrar a ferida em causa pois nada se compara a um bocado de dedo a balouçar mas achei que, se algo merecia um registo fotográfico, seria o Senhor penso que me fizeram no posto médico, e portanto, aqui vos deixo com a minha nova aquisição.
Agora que já vos “resumi” os meus últimos dias sinto-me no dever de vos explicar o porquê da minha demora. Vou simplificar, JÁ TENHO VISTO !!!!! O histerismo e emoção que deposito nestas 3 palavras deve-se ao facto de ter ganho uma dura e persistente batalha com a Embaixada Indiana. Esta लड़ाई começou dia 17 de Julho quando enviei para Lisboa o respectivo pedido de visto, passaporte e documentos associados e os senhores em causa resolveram acomodar essa bela documentação num monte até à semana passada. Bom, sendo eu um ser de paz, antes de partir para o ataque, liguei para os 5 números de telefone da Embaixada, mandei alguns emails para alguns endereços e liguei mais uma vez, liguei, liguei, liguei e liguei. Mas eles resolveram acabar com os emails e não me atenderam um único telefonema como quem diz “Ahahah vais ter que vir a Lisboa sacana”. Bem, foi a gota de água para mim. Na quinta-feira passada, reuni as minhas tropas (sim, a minha avó vale por vários batalhões) e partimos no primeiro alfa da matina em busca de um visto perdido. Eles ofereceram resistência até às 11:30 da manhã e, quando finalmente baixaram a guarda eu ataquei em força e fui pedir informações sobre o meu tesouro. A sorte deles é que a senhora era uma querida e acalmou a minha raiva o que me levou a na quinta-feira seguinte (ou seja, ontem) ir lá buscar o meu prémio, o santo visto! Queria que a minha participação no blog pudesse ter uma fotografia do meu primeiro visto/passaporte logo tive que esperar até o possuir, daí a demora.
Mas tudo isto são bons momentos a recordar. As verdadeiras feras destes tempos são as saudades antecipadas e o turbilhão de emoções que 3- Vistotemos que ir controlando e gerindo em nosso redor.
Deixo-vos com imensa energia e vontade de partir assegurando-vos que da próxima vez que aqui publicar tenho novas e fantásticas novidades para vos contar.
Beijos gaienses,
Francisca Matono

Introdução ainda portuguesa

uwc2Como este é o meu primeiro post neste blog devo, antes de mais, proceder à minha apresentação: o meu nome é Gonçalo, tenho 16 anos e fui um dos 11 sortudos que foram selecionados para estudar nos colégios UWC que, no meu caso, é o UWC Maastricht, nos Países Baixos.

Toda esta “loucura” começou quando tive conhecimento dos United World Colleges através de uma ex-aluna do UWC-USA. A partir deste momento, e para as pessoas que querem realmente fazer parte deste movimento, os meses seguintes foram quase que frenéticos! – eu pessoalmente vivi os últimos meses de uma forma muito intensa, desde a candidatura escrita até este exato momento.

Creio ser importante dar a conhecer o processo de seleção do comité nacional e é desta forma que vou dividir todo este processo em 3 fases, que são elas a candidatura escrita, o fim-de-semana com os finalistas e, por último, as entrevistas.

A candidatura escrita envolve o preenchimento de vários documentos, a entrega de cartas de recomendação e a realização de duas composições. Posso-vos dizer que durante esta fase o meu perfecionismo foi posto à prova, estando de algum modo tranquilo (não sei como!).

Após ter passado as candidaturas escritas seguiu-se o fim-de-semana com os finalistas (20 no total) – aqui sim, estava numa pilha de nervos!!! – Ao início toda a situação assemelhava-se ao THE HUNGER GAMES, porém, depois da elaboração de diversas atividades, as amizades começaram a germinar e, terminados os debates e conversas cheguei à conclusão que nunca tinha estado rodeado de tanto potencial junto como naqueles dois dias. Portugal tem tanto para dar, e isso ficou claro para mim a partir desse momento!

As entrevistas individuais foram posteriores ao fim-de-semana com os finalistas. É aqui que se inserem os medos, as dúvidas e os receios. Acho que nem preciso de referir que os nervos estavam em alta, nesta altura. Entrei na sala respirei bem fundo e fui fiel a mim mesmo! Para quê mostrar uma pessoa que não sou na realidade? Isso não faz sentido!” Sê tu mesmo”- é o melhor conselho que posso dar a futuros candidatos que lêem este blog.

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Chegou o momento que mais me entusiasma: UWC Maastricht!!! Vou agora falar um pouco do colégio em si e da própria cidade de Maastricht. Maastrich, localizada a sul da Holanda, é uma das cidades mais antigas do país conhecido pelos seus moinhos e tulipas. Esta cidade encontra-se não só perto da Bélgica, como também da Alemanha (o “perto”, neste caso, é literal) sendo, por esse motivo, uma cidade com uma enorme diversidade, no que diz respeito à população aí residente. Pelo que pesquisei, e acreditem que foi muito, posso afirmar que Maastricht é uma cidade rica em história e cultura onde habitam 120.000 indivíduos.

uwc4O UWC Maastrich, situado a 4km do centro da cidade, foi inaugurado em 2009 e nasce através da fusão de duas instituições educativas. O mais recente colégio da família UWC (sem contar com a abertura do UWC Dilijan e UWC Robert Bosch) apresenta uma forte ligação com o governo holandês, não sendo completamente independente, como se verifica na maioria dos outros colégios UWC.

Em 2013 o novo campus abriu portas e contou até com a presença do atual rei holandês! As infra-estruturas são extraordinárias… Como também não consigo elaborar muito mais, deixo-vos algumas imagens.

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Uma das coisas brutais, na minha opinião, é o facto de partilhar o quarto com mais 3 alunos provenientes de todo o mundo. Isto é que é viver a diversidade!! Como é óbvio vão existir discussões e nem tudo corre às mil maravilhas mas no final do dia a recompensa supera essas pequeninas coisas.

Depois de muito navegar na internet (até fui um pouco stalker :p), e muitos vídeos visualizados, há um que não me canso de ver. Espero que gostem!!

Os medos são muitos, apesar de ser normal. No final de contas estamos a falar de dois anos da nossa vida!! Gostava de vos poder explicar como me sinto neste momento, faltando apenas um mês para embarcar nesta aventura, mas nem eu bem o sei descrever. Sei, todavia, que consigo retirar deste reboliço de sentimentos duas palavras: ansiedade e entusiasmo.

Neste post não escrevi tudo o que queria escrever, visto que antes de ir embora ainda apareço por aqui. Quando chegar ao colégio é que vai haver muito para contar, acreditem.

uwcVou acabar o meu post ao mencionar o encontro de verão do UWC Portugal que se realizou no dia 13 de Julho. Estar rodeado por todas aquelas pessoas fez-me bem porque me identifico bastante com elas. As histórias partilhadas, as experiências vividas… Vou sempre levar comigo a responsabilidade de deixar o meu comité nacional orgulhoso e espero ser capaz de superar o desafio.

Eu não sou muito bom com estas coisas de blogs e afins mas espero melhorar ao longo do tempo! Se tiverem alguma dúvida ou pergunta não hesitem. Este blog serve de ponte entre nós e o resto do mundo.

Falo com vocês em breve! Abraços e beijinhos!

Gonçalo