Segundo Semestre no UWC Robert Bosch

Olá Queridos Leitores!

Já passaram cinco semanas desde que voltei de Portugal para o colégio. Passou tão rápido! 😮 Parece que cheguei a semana passada, embora imensas coisas já se tenham passado entretanto…

Os maiores eventos foram o “Special Topic Day” (“Dia do Tópico Especial”), o “Winter Ball” (Baile de Inverno) e o “Snow Day” (Dia da Neve).

O Special Topic Day foi sobre Religião. Tivemos workshops durante o dia todo sobre diferentes religiões. Aprendi sobre os ideais do Budismo, do Islão e relembrei os ideais Cristãos. Falámos de ateísmo, de espiritualismo. Discutiu-se também sobre o papel da religião nos sistemas políticos no mundo. Houve um momento do dia em que tivemos testemunhos pessoais. Houve quem falasse do momento em que ficaram certos da sua fé, houve quem falasse do momento em que deixaram de ter fé na religião em que foram criados. Foi um dia de pensamentos profundos e de discussões intensas. Quem viveu esta experiência sabe do que falo: religião é sempre um tópico sensível, mas é um tópico que tem de ser questionado e discutido. Porque questionar a nossa própria fé não é traição a Deus nenhum… no meu ponto de vista aqueles que o questionam são os que mais o procuram.

Enfim, nesse dia também houve alguns momentos musicais: coros cantaram, a minha professora de Inglés A cantou canto gregoriano e alguns cantos líricos. Tivemos a oportunidade única de ouvir Thomas Duval tocar alaúde, ele é um estudante universitário Francês que fez o conservatório de musica em guitarra e alaúde. Foi simplesmente mágico ouvi-lo. No final do dia tive oportunidade de tocar com ele na minha “creative CAS” (actividade de criatividade) JAM. Foi fantástico!

Agora falando do Winter Ball, foi um evento fantástico organizado pelos alunos. Foi ao mesmo tempo um evento de angariação de fundos para a ajuda aos refugiados em Freiburg e uma festa para nos divertirmos e descontrairmos do stress do IB. Eu participei activamente no evento, visto que bailes não é uma coisa que eu aprecie muito (principalmente arranjar um par para me acompanhar… buuuuuh no me gusta…), tive de arranjar forma de me divertir na mesma… E qual foi? Bom basicamente cantei em vários momentos da festa conjuntamente com colegas meus. Primeiro cantei com a banda da minha CAS que falei anteriormente, a JAM. Esta era constituída por mim, o meu professor de antropologia, Mihir, o “terceiro ano”, Micha e outros colegas meus como Selina (Ilhas Marshall), Sophie Seydel e Elias (Alemanha), Marwan (Palestina), Talulla (Reino Unido).

Mais tarde outra banda tocou. Esta formou-se exclusivamente para o Winter Ball, mas acho que vamos continuar devido ao sucesso (modéstia à parte) que nós fomos. Nós ensaiámos durante os “tempos livres” (in)existentes em que nos era (im)possível ensaiar durante as duas semanas anteriores ao Winter Ball. Esta banda era constituída por mim e o Tafara (Zimbábue) nas vozes principais, o Andres (Colombia) no baixo e voz, a Ruixi (Malásia) no piano e segunda voz, o Tilmann (Alemanha) na bateria, o Micha (Alemanha) no acordeão, o Cesar (Guatemala) e o Johan (Dinamarca) nas guitarras e o Basti (Alemanha) como segunda voz. Éramos muitos e bons! ^_^ Foi Fantástico fazer parte desta banda! E o melhor foi receber o feedback caloroso que recebemos no final. Quando acabámos de tocar toda a gente começou a gritar “Só mais uma! Só mais uma!…”. Recebemos muitos elogios também da parte dos professores. Helen, uma das professoras e gerentes da escola disse que a nossa banda foi uma das melhoras bandas que ela alguma vez assistiu em toda

a sua história como professora nos UWC, por outras palavras foi das melhoras bandas que ela já ouviu em todos os colégios UWC em que já leccionou.

Fiquei muito feliz e impressionada com o comentário. E é definitivamente algo que nos motivou a continuar a tocar!

Eu irei publicar o mais cedo possível videos das bandas a tocar e muito mais no meu blog: https://beatrizpelomundo.wordpress.com/ por isso fiquem atentos! 😛

Relativamente ao Snow Day, acho que nunca me diverti tanto na minha vida! 😀 Foi simplesmente fantástico! Guerras de bolas de neve, rebolar colinas abaixo, cair três mil vezes enquanto estás a tentar fazer esqui… Foi… indescritível! Pode parecer-se que falo com ironia… mas acho que nunca falei tão a sério na minha vida. Esquiar é muito intimidante… Principalmente quando se está no topo da colina! 😮 Mas foi deveras hilariante descer a colina pela primeira vez. Eu, a neve e o chão ficámos melhores amigos! XD Foi um dia que nunca vou esquecer! Não vou esquecer também a paciência que a Talulla teve para me ensinar/ajudar a a descer com as pranchas de esqui nos pés.

Aqui estão algumas da fotos do dia. Infelizmente nenhuma delas me mostra em ação… porque sinceramente ninguém é estúpido o suficiente leva câmeras fotográficas para descer uma colina íngreme… But anyway ^_^

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Eu e o Cesar (Venezuelano/Português)!

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Por ordem: Tafara, eu e Stephan

Espero que tenham um resto de uma boa semana! Por cá festeja-se o carnaval!

Um abraço,

Beatriz

Olá de novo meus caros leitores!

Desde a última vez que vos escrevi já se passaram muitas coisas! E é mesmo difícil manter toda a gente a par do que ando aqui a fazer… De qualquer forma, neste últimas semanas tive dias muito atarefados. Este é o primeiro ano do UWC Robert Bosch College por isso toda a gente aqui no colégio esteve muito ocupada com os preparativos para o “Almuni Weekend” e a “Opening Ceremony”, que simbolizam oficialmente a abertura deste colégio. Eu tive de tocar violino em diversas ocasiões com mais dois colegas meus: a Melisandre de Berlim (flauta) e o Chack de Hong Kong (violino).

 

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Também fiz Cheesecake de lima para as duas ocasiões, no âmbito do “Experiential Path” (espécie de visita guiada feita pelos alunos no colégio com o objectivo de mostrar as diferentes zonas/salas do campus e as diferentes culturas que aqui estão reunidas. Criámos várias estações com diferentes temáticas exatamente para o propósito antes descrito.)

O cheesecake estava delicioso já agora! 😛

 

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Agora que toda a euforia destes primeiros eventos passou, vamos começar a “rotina” UWCer (“rotina” such a funny word…). As “CAS Activities” vão começar esta semana! Como Criatividade eu escolhi teatro Musical e outra atividade chamada “Queer Green Marx”, organizada pelo meu professor de antropologia! Parece ser muito interessante… Vamos entrar em contacto com diversas associações anarquistas/comunistas e “green parties” e vamos debater sobre diversos assuntos relacionados com política num ponto de vista marxista penso eu…

Como actividade de Ação (desporto) a minha primeira opção foi Dança e a segunda foi Hatta Yoga. E por último no que toca a serviço a minha primeira opção foi trabalhar no Kunzenhof (uma quinta biológioca que produz tudo de forma natural e tenta ser ao máximo auto-sustentável— produzindo algodão para a roupa entre outras plantas que dão origem a tecido; energia através de painéis solares e madeira; todo o tipo de vegetais; cereais para depois produzir pão e diversos tipos de farinha; leite de cabra, e derivados de lacticínios, ovos e muitas outras coisas… Nesta quinta eles são todos vegetarianos, ou seja não matam os animais que criam) e a minha segunda opção foi trabalhar conjuntamente com uma colega minha e uma co-year na Suazilândia numa campanha na luta contra a SIDA.

Espero conseguir fazer tanto as minha primeiras opções como as segundas! Ah! E é claro que não me podia esquecer! Vou ter também aulas de violino no conservatório de música de Freiburg! Quando?… Não sei precisar… mas é certo que vai acontecer 😉

Desta vez não vou desenvolver muito mais o meu testamento… Tenho imensos trabalhos de casa para fazer! Ai esta matemática!

Um grande abraço fraterno!

Beatriz.

Olá queridos leitores, eu chamo-me Beatriz Correia Lima, tenho 17 anos nasci e vivi até aos meus 14 anos em Lisboa e dos 14 até agora vivo numa pequena aldeia do interior de Portugal, perto da cidade de Viseu. Estou a escrever-vos aqui não para falar das minhas experiências de vida passadas mas para partilhar convosco a minha experiência ou as muitas experiências de vida que acontecerão comigo nos próximos 2 anos com a família UWC.
 
Fui selecionada para ir estudar para o colégio UWC Robert Bosch, na Alemanha. Este colégio tem uma particularidade em relação aos outros, pois o próximo ano será o seu primeiro ano de funcionamento! Quer isto dizer que eu juntamente com os meus futuros colegas e amigos, de mais de 75 nacionalidades diferentes, vamos estrear o colégio. E com isso vamos decidir o seu futuro e carácter.
 
Mas relativamente ao colégio terei 2 anos para falar sobre ele e contar-vos detalhadamente (ou pelo menos o mais detalhada possível) a vida de um UWCer. E espero que possam observar ao longo desses dois anos através da minha escrita, o meu crescimento como ser pensante e a mudança do meu olhar sobre o mundo (que espero sinceramente que mude para melhor…).
 
O que queria falar agora seria de uma coisa que penso que qualquer pessoa na minha situação perceberá (principalmente os meus co-years portugueses e não só); na situação de alguém que vai partir do seu lar para um lugar totalmente desconhecido. E que vai deixar imensas coisas que ama para trás, como a família, amigos, a sua casa, o seu quarto, o seu espaço, a sua rotina, o cão, o gato, as Serras da Estrela e do Caramulo no horizonte, o mar da Costa da Caparica, ou o Elétrico 28 que vai para o Martim Moniz…
 
Muita gente me pergunta: “Porque te vais embora? Não gostas de estar aqui? Não vais ter saudades?”
Ora as motivações que me levam a ir embora são muitas e todas elas se resumem a uma: Quero conhecer o mundo lá fora e adquirir conhecimento para mudar Portugal e o mundo em geral (sendo este último uma utopia), porque uma pessoa com conhecimento e sabedoria é imparável. E é também por gostar de viver aqui que quero ajudar na construção e evolução deste lugar e do planeta terra, que tanto já aturou as manhas e façanhas do Homem.
Se vou ter saudades? Claro. Mas quanto maior for a saudade enquanto estamos distantes uns dos outros maior será a festa quando nos reencontrarmos! 😉
 
O mundo precisa de loucos, e eu gosto de fazer parte deles.
 
Beatriz Correia Lima.